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Publicado em 3 de junho de 2025 às 22:25
- Atualizado há 3 dias
Três policiais militares foram presos suspeitos do assassinato do adolescente Kaylan Ladário dos Santos, de 17 anos. No dia 18 de fevereiro deste ano, o jovem foi arremessado da Segunda Ponte, entre Vitória, Vila Velha e Cariacica, na Grande Vitória. O corpo foi encontrado por um pescador no dia seguinte, boiando na orla de Cariacica.>
Os três policiais militares foram indiciados por homicídio qualificado, em razão da impossibilidade de defesa da vítima. Os nomes dos agentes não foram divulgados porque o advogado de um deles entrou com um pedido de sigilo no processo, que foi aceito pela Justiça, mas a reportagem de A Gazeta conseguiu as identificações. São eles:>
As advogadas da família da vítima, Hiorranna Meneguci e Elaine Belo, disseram, em uma nota pública, que o processo ainda está sob segredo de justiça, mas que já foi solicitada a retirada desse sigilo.>
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"Tão logo seja deferido, serão prestados todos os esclarecimentos necessários. Considerando que o processo envolve atos de agentes públicos, entendemos que a sociedade é a maior interessada na publicidade dos atos que dizem respeito ao exercício da função pública, e, portanto, nos empenharemos para que todas as informações relevantes sejam divulgadas assim que possível", diz a nota.>
A mãe do jovem, Leicester Ladário, disse que a prisão foi realizada na quarta-feira da semana ada, dia 28 de maio. Em resposta à demanda da reportagem, a Polícia Militar enviou nota confirmando que policiais militares foram detidos na última semana. "Eles se apresentaram voluntariamente no Quartel do Comando-Geral e foram encaminhados ao Presídio Militar (em Maruípe)", afirmou a corporação.>
Também procurada por A Gazeta, a Polícia Civil informou que o Inquérito Policial foi presidido pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cariacica, com o indiciamento dos militares por homicídio qualificado, em razão da impossibilidade de defesa da vítima. O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) ofereceu denúncia nos mesmos termos. Outros detalhes não foram informados porque o caso tramita sob sigilo judicial.>
A Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do Espírito Santo (Aspra-ES) afirmou que não está prestando assessoria jurídica aos envolvidos. A reportagem de A Gazeta tenta localizar a defesa dos policiais e deixa este espaço aberto para um posicionamento.>
Na madrugada do dia 18, por volta de duas horas da madrugada, após ser constatado pelo delegado de plantão que Kaylan Ladário deveria ser liberado, os policiais tentaram entrar em contato com a mãe, Leicester Ladário, para buscar o filho, mas devido ao horário ela não ouviu a ligação. Duas horas depois, a mãe retornou a ligação, quando foi informada que a vítima não estava mais na delegacia.>
"Quando cheguei na delegacia disseram que meu filho esteve lá, mas foi liberado. Eu questionei os policiais por que fizeram isso sem a minha presença, e nem eles souberam explicar. Comecei a procurá-lo com os amigos, mas ninguém tinha notícias. Registrei o desaparecimento no dia 19, e o próprio delegado da Polícia Civil achou estranho ele ter sido liberado. No mesmo dia, às 16h, recebi a ligação: encontraram o corpo dele na orla. Era o meu filho", disse Leicester em entrevista ao repórter Daniel Marçal, da TV Gazeta.>
Meses depois da morte do filho, a auxiliar istrativa teve o às imagens do momento em que o adolescente é jogado da Segunda Ponte – as gravações foram anexadas ao inquérito policial e não foram divulgadas pela polícia. A mãe, foi até a delegacia, onde assistiu ao vídeo.>
Leicester Ladário
Mãe de Kaylan"Foi muito angustiante, porque eu tinha certeza de que meu filho não fugiu, que fizeram alguma coisa com ele. Eu sabia que os policiais estavam mentindo, mas não sabia o que, de fato, tinha acontecido. Quando vi a imagem, foi o pior momento. Pensei: ‘eu podia ter atendido o telefone, podia estar lá na hora, talvez tivesse conseguido ajudar’. Fico imaginando meu filho sendo jogado na água sem saber nadar, tentando puxar o ar e só puxando água. Foi a pior sensação da minha vida. Nenhuma mãe deveria ar por isso. Meu filho tinha só 17 anos", disse, emocionada. >
No dia 18 de fevereiro, Kaylan foi abordado no bairro Aparecida, em Cariacica, devido a um mandado de apreensão em aberto por envolvimento em um assalto ocorrido em 2023. Ele foi encaminhado à Delegacia Especializada do Adolescente em Conflito com a Lei (Deacle), onde foi constatado que o documento já estava vencido. O delegado orientou os policiais a levarem o adolescente de volta para casa. No trajeto, eles teriam desviado do caminho e, conforme investigação da Polícia Civil, jogaram Kaylan da ponte.>
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